26 junho 2013

Até os dentes

Uma pistola de prata era a extensão braço. Figura reluzente, sobretudo vermelho e antigo. Mancava, herança de uma paralisia. Inexpressiva, os olhos finos sob sobrancelhas negras, o cabelo da cor do vestido e botas. Os poucos dentes muito brancos. Quisera ser implacável, bandoleira, justiceira. E era tão justa que a pistola de prata era jóia inútil, bibelô, um pouco menor que uma original. Não tinha casa, não tinha livros, filhos, caixinha de costura ou bolsa de remédio. Um travesseiro exclusivo, com alguns fios marrons, um perfume de cheiro seu. Apenas um sobretudo vermelho sobre vestido desbotado; olhinhos horizontais e grossos pelos pelo rosto. Feminina tanto quanto permite um andar desigual e um sorriso intercalado.