30 abril 2012

120/365
Maria João

Não poderia ter tido outro nome. Durante a gravidez, foi “o João da mamãe”. E, mesmo depois de nascida, com a demora do registro, a mãe se dirigia a ela como João, longe de possíveis olhares censores. Diante dos avós: “ainda não sei que nome vou dar à menina”. Exprimia, numa tentativa ineficaz de demonstrar alegria, decepção. Não queria uma garota. E Maria João cresceu sob os carinhos aborrecidos da mãe, aprendendo a se expressar com falsidade. Para agradar a mãe, vestia-se de modo masculinizado, mantinha o cabelo curto e tentou a carreira de jogadora de futebol, mas não tinha talento. Fez vestibular para educação física, mas não passou. Quando a mãe morreu, morreu com ela a culpa de Maria João. Comprou vestidos e maquiagem e resolveu fazer o que sabia bem: virou atriz de teatro amador e matriculou-se em balé clássico. Só não pôde deixar de lado o conforto das cuecas.

29 abril 2012

119/365
Soraya

Amanhã não é feriado na minha Brasília, talvez só pras dondocas. Moro na Estrutural, sou catadora profissional e, quanto mais eu trabalho, mais eu recebo. Não posso me dar ao luxo. Hoje à noite é banho e cama. Às vezes como algo especial, um chocolate, macarrão com ovo. Nem o Domingo Legal eu assisto.

28 abril 2012

118/365
Celeste

No Brasil, são mais noventa mil. E eu moro no estado com a maior concentração deles. Não é possível que eu não consiga me casar com um judeu. Já me sugeriram anunciar, mas não tenho coragem. Prefiro ficar plantada em frente às sinagogas paulistanas até que um amor à primeira vista aconteça. Não me interessa se o cara nasceu judeu ou se escolheu seguir os preceitos do judaísmo. O que importa é ser rico e circuncisado.

27 abril 2012

117/365
Zazá

Moro naquela ponte. Tenho um fogão de tijolos, duas panelas, um colchão. Nunca estou sozinha, a rua é muito movimentada e tem sempre um diabo pra conversar comigo – vivo ou não. Mulheres de carro fazem cara de nojo e, se as abordo, mudam indecentemente a expressão para pena, quase pedindo perdão. Não me fizeram nada. Tenho dois livros também. Já tive uma bíblia, mas dei para outro transeunte. Detesto a bíblia. É leitura de gente culta, o que é diferente de inteligente. Eu sou inteligente. Até hoje ninguém nunca conseguiu me roubar ou me estuprar. Agora chega de conversa mole. Tenho que fazer meu almoço.

26 abril 2012

116/365
Olívia

Olham pra mim como se eu fosse uma descarada. Mesmo o Jorge não aparentando ser 26 anos mais jovem, as pessoas percebem que existe uma diferença boa de idade. Quando não me abordam como se eu fosse mãe do meu namorado, me fuzilam condenadores. Ora, o que têm com isso? O Jorginho, por sua vez, segue tranqüilo e feliz: “você não devia ligar pra isso, meu bem”. E eu tento. Mas não me sinto madura o bastante para ignorar.

25 abril 2012

115/365
Ronalda

As sardas e os seios balançaram numa gargalhada inconstante e compulsiva da moça. Mineira de Três Corações, que ironia!, acaba de descobrir um trem no coração. Coisa grave, numa cavidade. O médico interjeitou com os olhos. Jeito interessante de reagir a uma notícia tão terrível: soltou um "folgo em saber" e sorrisos, muitos sorrisos.

24 abril 2012

114/365
Margarida

Na minha cidade, conto nos dedos quem não mexe com flores. Todos mexem, mesmo indiretamente. Até as putas, que atendem produtores, vendedores, adubadores. O dinheiro cheiroso de rosas, violetas, tulipas, copos-de-leite circulam pela cidade. Contudo a Margarida, minha cunhada, é caso raro. Produz sabonetes, mas com essências que vêm da Europa. E é pra lá que ela manda a produção. Exportadora. Os recursos dela até passeiam em Holambra e, imagino, eventualmente compram um vasinho de crisântemos, mas não têm grande participação nessa economia. No entanto, não é por isso que Margarida virou ídola das moças da cidade: num lugar poético, colorido, encantador, a incansável abelha rainha dá pra outros homens, além do meu irmão. E todos sabem disso, menos o tonto do zangão. A mulherada da família aplaude, acha que Margarida é o suprassumo da coragem e do desprendimento. Mês que vem, a aboletada heroína vai parir um menino. E só deus sabe de quem será.

23 abril 2012

113/365
Hildete

Em testemunho, uma irmã da igreja disse que saiu da depressão transformando a tristeza em bicho. Imaginava baratas, besouros, ratos e pisava, esmagava. Com a graça de Deus, ela foi curada. Eu não enxerguei o dedo de Deus aí, a não ser que fosse pra ajudar com a ideia. Tudo metafórico demais. Tentei a tática. Meu bicho ficou um pouco maior - um urso enorme, com pêlos mais longos do que o normal. E antes que eu pudesse tentar qualquer coisa (facão? espingarda?) ele me envolveu inteira. O prazer estranho que a tristeza proporciona. Agora vivo de dar mel pro urso, que me faz chorar e desistir da vida. Larguei até a igreja.

22 abril 2012

112/365
Dinorá

Odiava o sofá. Escreveu pro Luciano Huck e até agora nada. A história não comoveria a produção, afinal, ela sabia, trocar o sofá era um capricho. Vive bem em Eldorado do Sul, trabalha na prefeitura, mora numa casa boa alugada e vai semanalmente curtir uma balada em Porto Alegre. Mas nunca consegue se organizar para guardar dinheiro e trocar o sofá. Quer um objeto chique, estiloso. Domingo - dia ruim pra pensar. Sentada no trambolho, quase chora. Bah, e se eu conseguir comprar um vermelhão de couro? Vai ser só o princípio de outro estresse. Não vai combinar com nada.

21 abril 2012

111/365
Veridiana

Deixou de sair com um pretendente, não viu a família, ignorou ligações. Foco: escreve um artigo genial e inédito sobre a representação das empregadas domésticas numa novela que acabou de estrear na Globo. Quer publicar o texto na próxima edição de uma revista feminista e o prazo está para vencer. E vale, para ter pontos no grupo de pesquisa, escrever qualquer coisa. Até contra o que concorda. Que essas empregadinhas se fodam.

20 abril 2012

110/365
Amália

Tratou de contabilizar o que tinha. 72 anos; 46 cartas antigas dentro de uma caixa velha e empoeirada; 38 instrumentos de bordado - linhas, agulhas, alfinetes, fitas; 32 dentes falsos; 21 potes de azeitona vazios; 12 velas; 11 vestidos; 7 pares de meias; 6 viagens marcantes; 5 cachos de uva na geladeira; 4 jogos de cama e toalhas; 3 ex-maridos; 2 pontes de safena; 2 filhos que não vê há décadas; 1 vontade - morrer.

19 abril 2012

109/365
Elaine

Atendente de loja de piscinas. Mereço uma coisa melhor. Pedi as contas. Nem que seja pra ficar em casa, esperando um grande emprego cair do céu. Nem que seja só pra isso - que não é correto, eu sei -, porque eu sou muito melhor do que se exige de uma atendente. Tenho 22 anos, boa aparência e terminei o segundo grau. Cursos? Faculdade? Logo que eu conseguir um emprego decente vou fazer. Não acredito em ajuda do governo pra isso. Aí tem coisa. Minha mãe e minha avó me apoiam, sabem, me conhecem. Minha filha ainda não entende nada. 

Agora não posso atualizar meu currículo. Estou me arrumando para a festa da Márcia. Mas amanhã vou escrever: sou comprometida, séria, eficiente. E também posso incluir a experiência de cinco meses como atendente de loja de piscinas. Melhor cortar o "de loja de piscinas".

18 abril 2012

108/365
Nara

Bienal do livro. Os trafegantes continuaram suas caminhadas como se nada estivesse acontecendo. Nara foi parada por um coelho laranja de pelúcia de dois metros, que dizia ser o Seu Exu Espelho. Escutou com atenção: "olhe para si, minha fia. Mude não porque é certo mudar, mas porque permanecer como está lhe faz sofrer". As pontas das orelhas piscaram, como se houvesse luzes de natal ali. Por um segundo, Nara se distraiu. Talvez tenha sido lançada às memórias da infância. Mas voltou a tempo de ouvir que devia ser mais gentil consigo mesma. O coelho foi embora. Ninguém parecia ter visto nada. Esbarrou em alguns olhadores de estantes e concluiu que às vezes era bom ouvir o óbvio.

17 abril 2012

107/365
Clarissa

Mulher desenvolta, independente, engraçada, sensual e cheia de tiradas inteligentes. Vivia com manchas verdes nas coxas por esbarrar constantemente nos móveis de sua própria casa. Tornara-se amiga do chaveiro, de tanto precisar de chaves novas. Esquecia todos os aniversários. Dançava tão desengonçadamente que tinha vergonha de fazer isso perto de um espelho. Trocava shampoo por condicionador e vice versa. Cansou de ser avisada sobre resto de folhas nos dentes, inclusive em encontros românticos. Começou a fazer análise. Quer mudar.

16 abril 2012

106/365
Karin

Por seis anos, pouco mais fiz além de sofrer. De uns meses pra cá, me desprendi, daí. Tirei o luto, aflorei pra vida. Me sinto moça de novo. Conheci o Hernandez. E hoje, justo hoje, quase esqueci do falecido, daí. Na última hora, o cemitério fechando, levei meia dúzia de flores. Quase joguei no túmulo. Quase nem deu tempo de confirmar se era aquela tumba mesmo. Já arrumada pra comer pinhão com o Hernandez, de bico vermelho, virei as costas, sem qualquer lembrança daquela tristeza toda, daí.

15 abril 2012

105/365
Rochele

Queria ter um carro de borracha, morar numa casa com paredes de tule (ventilada) com um jardim de verdade. Faria mingaus, saladas e sopas para comer e doces em compotas para vender, afastada das preocupações típicas de uma assessoria jurídica. O único luxo: chão de pedras portuguesas por toda a cidade. As pessoas teriam que evitar sapatos refinados. Teatro e cinema de graça. Música em cada esquina. A população da cidade bastante interessada por doces em compotas.

14 abril 2012

104/365
Diana

Perto de Brasília, amanheceu quente. Lavou toda a roupa da casa e, enrolada numa toalha, recebeu a amiga Neu, que lhe aplicou tintura nos cabelos. Depois do banho, depois do almoço, depois do copo d'água de sempre, se pegou paralisada, olhando a roupa quarando, pela janela. Queria se dar ao luxo de achar linda aquela cena - talvez lembrasse algum filme -, mas tinha o pai no hospital, o namorado num bar qualquer e um irmão novinho e estudioso esperando que ela desse um jeito na mensalidade do curso de idiomas.

13 abril 2012

103/365
Manuela

Apesar de toda a família depositar nela o desejo de ter a primeira representante numa universidade, ela não quer. E o que poderia ser entendido como destrato sequer lhe pesa. Ela é dona de si. Tem dezesseis anos, notas boas e ajuda na produção da 87 FM. No início, sonhou em ser radialista. Muito óbvio para quem quer ganhar o mundo. Agora, está juntando algum dinheiro pra comprar uma moto econômica. Provavelmente, permanecerá na rádio - e poderá até virar locutora, pois tem voz -, mas se a dispensarem, procurará outra coisa. Vai querer viajar, conhecer o que há para além do Sudoeste mineiro. Depois, voltará a Guaxupé renovada, apenas para ver a família pela última vez. Morará em Santos.

12 abril 2012

102/365
Lidiane

Assustava olhar para si. Desde muito pequena tinha como sonho, certeza e vocação a vontade de ser mãe. Cuidava das bonecas como se fossem vivas. Agora, neste exato momento, o desespero: não compreende a origem de seu desejo mais profundo de que o feto que carrega há dois meses seja anencéfalo. E quer mais: que a decisão anunciada há pouco seja publicada em tempo hábil, para que a interrupção se dê sem grandes perigos.

11 abril 2012

101/365
Brenda

Colado ali, na porta do armário. Via todo o quarto - o espelho era o único ser sincero: mostrava-lhe diariamente a gordura localizada, a celulite e a flacidez tão precoce. Seus 48 quilos pesavam absurdamente. Uma moça de 15 anos. Sentia o cheiro do café com pão de queijo da vó, lembrava a infância. Sempre comera bem e sem frescuras. Saladas, arroz, feijão, leite e, às vezes, até jiló. Mas de uns tempos pra cá, comparava-se às amigas, às artistas da Globo, aos ídolos teen internacionais. Chupava gelo, beliscava alguns grãos e, mais eventualmente, comia uma mini maçã. Não sentia prazer de ir à escola ou sair com as amigas, perdera o gosto por um bom prato de macarrão e por ouvir as histórias do vô. Por sentir dor, trancava-se, doente. Enjoou do namorado, largou o diário que escrevia desde os 12. Aliado fiel? Só o espelho.

10 abril 2012

100/365
Georgia

De cabelos molhados, sentou-se à janela. Não tinha um emprego porque não precisava ter. Nenhuma atividade vespertina porque gostava de dormir à tarde. Hoje, no entanto, não cochilou. Via o grande jardim, a piscina, o rapaz limpando a piscina, dois cachorros. Ouvira as empregadas conversarem sobre uma grande tragédia na família de uma delas. Aquilo não lhe pertencia. E a sua vida era essa – sem desafios, sem tristezas, sem preocupações. De cabelos molhados, permaneceu apática à janela. E decidiu não pensar.

09 abril 2012

99/365
Quitéria

Na Rodoviária Interestadual, lembra os seus planos de quando chegou a Brasília: estudar, se formar, passar num concurso, trazer os pais e a filha miúda, dar a eles a vida que merecem. De volta a Goianésia, sente um misto de fracasso e orgulho - essa bosta de cidade não dá oportunidade a ninguém. Seis anos. Não estudou, não se formou, não passou em concurso algum. Vez por outra, de folga, ia visitar a família. Trabalhou em loja de shopping e de material de construção, foi terceirizada em ministérios, recepcionista em escola de balé. Volta a sua cidade sem dinheiro, sem casa própria, sem perspectiva, com 41 anos e muitas dívidas.

08 abril 2012

98/365
Roseli

Depois de dois ovos de páscoa, um sudoku completo e meio tanque de roupa passada, resolveu se entregar ao inferno: bebeu sozinha duas garrafas de vinho barato, ligou para um ex-noivo e chorou meio litro de ódio.

07 abril 2012

97/365
Andria

Com Rodolfo, conheceu uma vida com dinheiro de sobra. A lua de mel foi em Nova Iorque e, quando voltaram, a surpresa: uma casa linda, colonial, para os dois. Duas árvores frutíferas, uma piscina de água esverdeada, cheia de folhas. Perto do quadro que via, até Nova Iorque ficava em segundo plano. O lodo das paredes, algumas grades com rococós descascados. Não queria mudar nada, desejava nem precisar limpar o lugar. E o sorriso de Rodolfo, com aparelho, e o rosto com marcas de espinha a fizeram murchar; lembravam-lhe o preço que se deve pagar pelo belo. Uma troca. Justa?

06 abril 2012

96/365
Silvia

Missa. Envolvida na reza, confessava e pedia perdão pelos seus pecados e pelos dos outros. Cantava, devotíssima, os cânticos de olhos fechados e mãos levantadas. O véu de rendinha lhe dava um ar de beata de interior. Pedia graças fervorosamente. De volta à casa, tomava seus xaropes, prendia os cabelos e pendurava vassouras e rodo. Sexta-feira Santa ninguém faz nada - a mãe lhe ensinara. De frente para a TV desligada, segurava o terço, sem rezar. Lembrava da juventude e lamentava ter atentado tanto os ensinamentos de Jesus. Via-se usando vestidos de chita provocantes, maquiando-se. Fazer o quê? Hoje, nem bordar podia.

05 abril 2012

95/365
Nazaré

Com tantos assuntos pascoais, sonhou com um coelho enorme, de olhos azuis. Ele jogava chocolate derretido em todo o corpo roliço dela e lhe lambia as faces, o pescoço, os seios, a barriga. Transaram por horas e horas, em todas as posições possíveis a um coelho com uma mulher gorda; o pompom balançando três, quatro, cinco vezes. Rapidíssimas investidas, mas várias, infinitas. Ela gemia e, cada vez mais, se via entregue às vontades do leporídeo. Acordou maravilhada.

04 abril 2012

94/365
Odyleide

O que lhe interessa e comove é o inverno, seja onde for. Dois anos atrás, conseguiu juntar dinheiro suficiente para conhecer Gramado. E, apesar de o frio intenso já ter passado, a cidade lhe pareceu congelante, longe dos 39°C de praxe da sua Cuiabá. Amanhã, segue para La Paz - foi o que conseguiu de mais frio e barato para o período: mínima de 4°C. Tem casacos, botas, uma touca e um cachecol para essas ocasiões. Malas prontas. O ônibus sai às 9h.

03 abril 2012

93/365
Sabrina

Desde bebé era o centro das atenções, com seus movimentos engraçados, egípcios. Estudou balé, jazz, dança contemporânea, salão e street. Riscou no calendário o 6 de abril, data da divulgação dos escolhidos para a segunda fase do Festival Dança Viana, mas recebeu a notícia hoje: selecionada. Cerca de 300km de sua Loures até o Porto. A família toda se organiza, junta forças e euros. Nossa jovem há de vencer.

02 abril 2012

92/365
Jussara

Perdeu os avós no domingo de ramos. Em momentos assim, costumava querer companhia, chorar em grupo. Não desta vez. Trancou-se no quarto, que ainda conservava uma decoração teen, e compôs duas músicas muito tristes. Violão em punho, fumava maconha e escrevia as notas e a letra. Em seguida dormiu. Experimentou uma solidão momentânea e poética. Com medo de acostumar-se a isso, acordou, pregou um sorriso amarelo na cara e foi atrás de amigos.

01 abril 2012

91/365
Hélia II

Resolveu ir à pé, sozinha. A noite estava quase tão quente quanto o dia. Vestia saia, blusa, sandálias. O medo e a quase certeza de que algo aconteceria lhe proporcionavam um prazer estranho. O coração disparava, sentia os ossos esfriarem. Era como quando, criança, decidia fazer algo proibido sabendo que seria castigada pelo pai. Era um arcar com um risco. Alto risco. Sabor de coragem. Não desejava que algo de ruim lhe acontecesse - aquilo não era um suicídio - e se sentia imensamente grata a deus quando chegava a salvo em casa. Cruzou a orla leste da cidade, com alguns tropeços, um salto muito gasto e nada mais. Bêbados, travestis, grupos suspeitos. Passou pela alfândega, o cais do porto, o Mucuripe e toda a Beira Mar até depois da Monsenhor Tabosa. Subiu no ônibus ofegante, respirou fundo e sorriu aliviada.