28 janeiro 2007


Perfume com notas enjoativas

Estreou esta semana o filme Perfume: a história de um assassino, de Tom Tykwer, uma adaptação do romance de Patrick Süskind. Trata-se da história de Jean-Baptiste Grenouille, que nasceu no fétido mercado de peixes em Paris e que possui um olfato privilegiado. Sua trajetória é movida pela busca por novos cheiros. Com uma fotografia deslumbrante, o filme peca pelo excesso. Tudo é hiperbolizado: a realidade miserável do jovem Grenouille, a sua genialidade, as cores, a poesia e a sua compulsão aliada à ambição que o leva a produzir um perfume capaz de escravizar pessoas são um exagero aos nossos olhos, ouvidos, boca, pele e – por que não dizer – narinas. Uma boa surpresa é a construção de um personagem sem culpas, movido por uma busca embasada na vaidade, explorando o olfato, um sentido pouquíssimo visitado em literatura ou cinema. Ou qualquer outra arte. O conjunto, entretanto, configura uma fragrância enjoativa. As três horas de filme chegam a dar náuseas.


Ignorâncias reveladas?

Vale, para reflexão, a leitura do texto "O leitor ignorante (a verdade por trás do mico)" publicado por Mário Bortolotto e reproduzido em partes por Marcelo Sahea (link ao lado). Uma reunião de leituras já batidas sobre leitores, editoras, mercado, que resulta num pequeno tratado que se calca nos repetidos e repetidos e repetidos discursos sobre a importância da leitura, da qualificação do leitor, da necessidade de tornar mais sérias as editoras etc. etc. etc. Algum ressentimento, talvez? Raiva contida? Eu, aqui com a minha ignorância, me pergunto quem é quem para apontar a ignorância do outro. O que será isso? Uma explosão? Qual será a estratégia por trás de um texto desses?

27 janeiro 2007

Escritora on line

A escritora e pesquisadora Paloma Vidal, que está de passagem pela UnB, tem um blog imperdível. São registros, contos-crônicas, impressões e comentários deliciosos. Clique aqui e confira. Paloma é autora de A duas mãos (7letras, 2003) e participou das antologias 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira, organizada por Luiz Ruffato (Record, 2004), Paralelos: 17 contos da nova literatura (Agir, 2004) e A visita (Barracuda, 2005).

Uma banda inteira

Hoje tem show da banda Extremos paralelos, com meu amigo e estudioso de poesia concreta Augusto Machado (o cabeludo da esquerda). Para os interessados em pop-rock dos anos 80, é uma grande dica. O repertório inclui canções nacionais e internacionais. Vai ser no Blues Pub bar (em frente ao Carrefour de Taguatinga), às 22h. Os ingressos são vendidos na hora.

21 janeiro 2007

Contos para crianças

Nos próximos dias 27 e 28, o Canto do conto, na livraria Fnac, recebe a contadora de histórias Juliana Maria, que envolverá crianças e adultos com as histórias De fora da arca, de Ana Maria Machado, e Feliz aniversário Lua, de Frank Arsch. Sempre às 16h.

Nilto Maciel e suas considerações

Já está no Cronópios a segunda parte das Considerações sobre contos, do escritor e amigo Nilto Maciel. Vale dar uma passeada por lá. O cabra tem muito a dizer,
ouça.

Blog de Ivana Arruda Leite

Estou pra comentar há semanas que o blog da Ivana Arruda Leite ganhou ainda mais graça com as histórias algo reais narradas a partir de fotos antigas da família dela. Imagino que Ivana tenha descoberto o scanner em casa e mandou ver.
Veja. E o folhetim Eu não sou a mulher maravilha terminou em 14/12/06. Perdi o final. Mas vou recuperá-lo. Confira.

Comprinhas...

Comprei ontem a 4ª edição do livro O viajante independente na América do Sul, um grande guia de viagem para brasileiros interessados em conhecer los hermanos. E o treinamento pesado para não fazer feio nas futuras fugas para os países vizinhos continua: leitura diária e deliciosa dos Cuentos completos 1, de Julio Cortázar.

Babel, o filme

Estreou na última sexta o esperadíssimo Babel, de Alejandro González Iñárritu. Com um Globo de Ouro, Gael García Bernal e Brad Pitt, além de opiniões apaixonadas (contrárias e favoráveis), o filme está em cartaz em muitas das nossas salas. Leia a crítica da Bravo! aqui. Eu devo assistir durante a semana e comentar em breve.

20 janeiro 2007

Hoje só notas

Artigo - Imperdível o artigo de Contardo Calligaris na Folha de S. Paulo da última quinta. Ele propõe uma leitura ficcional sobre nós mesmos, autoconhecimento por meio de uma broma, uma piada, o que faz coro com o que eu julgo ser a função da literatura: divertir e gerar conhecimento. "A ficção de uma vida diferente da minha me ajuda a descobrir o que há de humano em mim", disse o colunista. Vale espiar

Debate - Alexandre Marino ouviu na CBN entrevista com Silvestre Gorgulho, secretário de Cultura do Distrito Federal, sobre a biblioteca do século XXI e abriu discussão em seu blog sobre o tema. Vale conferir isso aqui.

Inscrições abertas - Até 10/3, poetas podem se inscrever no II Prêmio Goyaz de Poesia. O Festival de Poesia de Goyaz está previsto para setembro. Veja outras informações aqui. E também estão abertas, até 30/3, as inscrições para o 49° Prêmio Jabuti. Notícias aqui.

Inscrições encerradas - Terminaram ontem as inscrições para a seleção de mestrado e doutorado do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB. Eram 24 vagas para mestrado e oito para doutorado. As provas acontecerão em fevereiro e março, quando eu espero defender minha dissertação sobre as estratégias de sobrevivência dos escritores no mercado, com foco em Marcelino Freire.

13 janeiro 2007

Prêmio (estranho) para livro de contos, crônicas, poesias e romance

Estão abertas as inscrições para o II Prêmio Literário Fábrica de Livros. Livros que se enquadrem nas categorias "romance", "contos e crônicas", "poesias", "infantil" e "juvenil" podem ser inscritos até o dia 31 de maio. Um detalhe importante: só podem participar aqueles livros que já tenham sido impressos no projeto Fábrica de Livros. Isso mesmo: um concurso restrito. Será que até lá os interessados terão tempo para escrever ou concluir uma obra e imprimir seus textos? Ou a idéia é mesmo contemplar aqueles que já passaram pelo projeto? Os vencedores ganharão impressão de cem exemplares e lançamento na XIII Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, que acontece de 13 a 23 de setembro. O regulamento pode ser acessado aqui, mas suponho... ah, deixa pra lá. Recado dado.

07 janeiro 2007

Internet democrática?

Vale a leitura do artigo "Identidades vazias", de Slavojzizek, no caderno Mais! da Folha de S. Paulo de hoje. O tema é internet. E ele faz uma leitura social e filosófica bem interessante sobre o ciberespaço e a figura humana (e individual) que nele vive ou transita.

Academia democrática?

Acaba de ser lançado o número 10 da revista Labrys, de estudos feministas, coordenada pela respeitada profa. Tania Navarro, do Departamento de História da UnB. O acesso aos textos eletrônicos, ainda raro entre revistas acadêmicas, é fator importante para democratizar os estudos. Vale dar uma olhada nos artigos, em francês ou português, aqui publicados.

Cinema democrático?

A mais tradicional sala de cinema de Brasília, conhecida pela exibição de reprises entre um e outro festival, tem o ingresso a preço mais baixo em todo o Distrito Federal. Além disso, o acesso ao Cine Brasília (106/107 Sul) é fácil, a pipoca é boa e a tela é a melhor de todas. Em cartaz, o maravilhoso Madame Satã, de Karim Aïnouz, com atuação impecável de Lázaro Ramos. Só até 18 de janeiro.

05 janeiro 2007

Leituras e espetáculos para iniciar 2007

Sem lançamentos, sem notícias sobre os incentivos governamentais à literatura, sem alguns dos seus ilustres (e indesejados) moradores temporários, a cidade, vazia, é o espaço propício para ler e relaxar. Com calma, sem badalações. Eu já comecei: li Elas e outras mulheres, do Rubem Fonseca (nada diferente do que ele já produzia...), e estou mastigando com muito prazer o Livro dos homens, de Ronaldo Correia de Brito. O próximo são os Cuentos Completos 1, de Julio Cortázar. Também para quebrar um pouco marasmo casa-trabalho-casa (com seus devidos intervalos de leitura e pipocas domésticas), os espetáculos. E esse começo de ano já tem duas promessas: dois musicais, com ingressos quase esgotados. O primeiro é o do Grupo Dinner, com meu amigo Fábio Barreto, que apresenta hoje canções de filmes e musicais famosos, no Pier 21. O outro é o aguardado musical sobre Renato Russo, no CCBB (Setor de Clubes Sul), que começa hoje e vai até o dia 11 de fevereiro.

Direito à diversão pop

E atenção: o Big Brother começa dia 9, pra quem agüenta. Eu costumo agüentar por uns dias (com alguns eu fui até o fim). Acho divertido até que alguns acabam caindo na mesmice. Os puristas devem estar com calafrios (e que soltem seus peidos coloridos por aí). Mas é isso mesmo: cada um se diverte do modo que escolhe. Garanto que depois dos episódios diários do reality show eu terei os dvds de Friends e Smallville para me trazerem ao mundo real. Ou não.