09 setembro 2013

Cassiano e café doce

Um abraço, sorriso e tchau. Estaria em casa quando eu voltasse? Virei a cabeça, disfarçando: buscava o cheiro dele no ombro e a lembrança. Ao fechar os olhos, senti a aflição vertical dos músculos da vulva. A inconfundível saudade sexual. O sabonete, o tapete da sala, a TV na Globo. Lembrava os olhos, os cabelos molhados, o formato dos dentes. A esta hora da tarde, segunda-feira de muitos cheques devolvidos e notas fiscais a revalidar, já não tenho certeza se ele dormiu comigo ou se fantasiei tudo - até o cheiro do café hoje cedo, tudo é incerto. Hoje? Doce. Toalhas felpudas de flor, pano de prato bordado, crisântemos e vidro de biscoito. As mãos de estivador. O cheiro, os pelos, o pau.