30 junho 2012

181/365
Magali

Costuma jogar os negros cabelos molhados enquanto dá entrevistas. Enjoada, chata, cheia de manias. Repleta de curvas. Os seios pequenos, com mamilos grandes e escuros, encabeçam uma barriga sem gordura e sem cintura. Tem coxas grossas, harmoniosas com a bunda. Pele branca - impossível supor que já tenha visto sol. Não é burra, mas estudar não é a sua. Nunca leu um livro inteiro. Fez faculdade pra cumprir tabela, agradar a mãe. Fala bobagens. Nada. Compete. É uma sereia de piscinas cobertas e aquecidas. Esquece um pouco o repórter - pisca um olho quando me vê; acena. Gosto de ver. Detesto escutar. É aborrecida, repetitiva e apaixonante.

29 junho 2012

180/365
Reginalva

Passei dois meses sem pegar o meu Bolsa Família. Nem sabia onde estava o cartão. Seu Eudes da Lotérica gritou: "Nalva, o Bolsa". Aí eu lembrei. E me esbaldei. Comprei até um tênis pro Henrique, que tava precisando. Hoje tem carne pros meninos.

28 junho 2012

179/365
Isadora

E ela me disse: minha mãe, eu vivo com uma mulher. E eu demorei alguns segundos até raciocinar, mas ela não precisou entrar em detalhes. Minha filha, mas como é essa coisa? Minha mãe, é normal igual às outras, mas em vez de homem é mulher. Entendi. Tu nunca quisesse ter menino mesmo, né? Tá certo, minha filha. E ela sorriu. Sempre pediu minha benção pra tudo. Pedi que trouxesse a moça. Que já não deve ser tão moça. Pouca coisa me surpreende ainda. E hoje estou surpreendida por não ter me espantado com essa novidade de Maria Valéria. Ser centenária tem suas vantagens.

27 junho 2012


178/365
Cynara

Queria montar um buffet. Era mestre em grandes ideias, megalomaníaca. Passava as tardes criando decoração e cardápios. Resolveu fazer um blog, vinculado ao Facebook, para divulgar. Anunciou como carro chefe para casamentos os palitinhos com queijo, azeitona e salsicha. E, de lembrancinha, Serenatas de Amor só no papel alumínio, envolvidos em tule e laço de fita. Na 25 de Março, comprou lanternas em formato de flor, rosa degradê, de base dourada, com lâmpada e fundo musical, para aluguel em separado. Quando puder avaliar a aceitação do público, registrará a marca, criará CNPJ e fará promoção no Peixe Urbano.

26 junho 2012

177/365
Hilary

Manias que se explicassem ou se justificassem não seriam manias. A de Hilary era peidar para si, sonoramente, sozinha. Mas arrependia-se, irritada, da própria proeza antes mesmo de finalizar-se o efeito malcheiroso. "Argh", reclamava com sotaque.

25 junho 2012

176/365
Vicentina

Preparou-se como nunca para a derradeira segunda-feira, comemorando a promoção no trabalho. Pela internet matriculou-se numa academia badalada, comprou uma bermuda modeladora para já se sentir magra antecipadamente e, domingo, comeu nada menos que costela de porco, creme de milho, quiabada, uma panela de brigadeiro, mais de um litro de coca cola, duas marias moles, canjica branca, arroz de carreteiro, cachorro-quente, batata frita crocante, cerveja, quentão, caldo de feijão e uma pêra. Dormiu feito uma rainha. Hoje, amanheceu cheia de pique. Comeu de modo balanceado e sensato. Chegou a sentir pena de si, com o dia puxado, mas resistiu a qualquer recompensa calórica. Até que Marcos ligou. Desistiu de malhar. Permitiu-se comer dois bombons após jantar um sanduíche. Em casa, cancelou a matrícula da academia e presenteou a irmã com a bermuda mágica. Mergulhou no sorvete de flocos.

24 junho 2012

175/365
Alda

Precisou começar a novela para me notarem. Já ouvi absurdos: "faça a sobrancelha", "experimente uma limpeza de pele", "você precisa de um batom". Não quero, não gosto. Agora, viva a beleza natural. Feliz com as minhas roupas básicas, minhas sapatilhas, minha orelha sem furo. Radiante com o meu cabelo crespo e com seus primeiros fios brancos. Sou a Gabriela da cidade grande.

23 junho 2012

174/365
Gorete

Bom dia, Gorete! Deixei roupa batendo. Tem Pinho Sol no armário do banheiro. Não deixei carne descongelando. Faça almoço só para você, pois viajo amanhã. Tem frango e carne prontos na geladeira. Assim que eu conseguir, ligo, pois estarei em um evento fora do Tribunal agora de manhã. Te devo R$ 5. Ah, por favor, corte a melancia e o abacaxi. Faça suco da metade do abacaxi. Se der tempo, separe as blusas dos shorts e saias das minhas gavetas, por favor. Até sábado!

22 junho 2012

173/365
Maria Lúcia

Filho da puta. Tércio é um filho da puta de marca maior. Me traiu com uma vagabundazinha. Mas não se abata, Maria Lúcia, erga essa cabeça de rainha. Minha vingança só está começando. Vou gastar cada centavo que esse piranho deixar ao meu alcance. Comecei bem: ontem, dei R$ 50 pra uma hippiezinha-palhacinha suja que jogava uns malabares na rua. Showzinho besta, sem graça. Ficou feliz, coitada. Se eu tivesse uma nota de R$ 100, daria.

21 junho 2012

172/365
Maria Eduarda

Tem rico esnobe, mas tem rico que sabe das coisas, que entende de arte. Hoje, uma mulher linda, cheia de joias, num carrão maravilhoso, assistiu ao meu espetáculo de malabares e, comovida - cheguei a ver lágrimas nos seus olhos -, me deu cinquenta reais. Uma cédula limpinha, verdadeira. Não eram aquelas moedas de cinco ou dez centavos nem aquelas notas velhas de dois reais, remendadas com durex, valor máximo que eu já ganhei de uma pessoa só. Mas sabe o que é isso? É reconhecimento do que é a verdadeira arte. Quem entende, só quem entende o real valor, a beleza, a pureza ética da arte, é que pode ser capaz de reconhecer e valorizar. E estou me sentindo plena hoje. Tenho certeza que fiz uma alma feliz.

20 junho 2012

171/365
Aline

Dia de estivadora. Enquanto esperava o repórter cinematográfico finalizar as tomadas da EPTG, Aline, sentada, olhava para as 24 bolhas nos pés. Teve o impulso de estourar cada uma delas - delírio. Em tempo lembrou-se da dor que já sentiu outras vezes. Retorcia o pescoço: "bora, Romenos, bora", sussurrava. Ele, por sua vez, se deliciava com as luzes misturadas da noite - estrelas, postes, freios, faróis. Atmosfera perfeita. Aline queria voltar pra casa, só isso, só isso. Não comeria nada, não tomaria banho, não leria Rawet, não assistiria Gabriela. Cama, só cama. Só amanhã. "Bora, Romenos".

19 junho 2012

170/365
Fabiane

Querem chamar de barulho
Mané zoada, mané bagulho
O que eu faço é dançar e dizer
Danço e digo
Não serve balé e poesia
Coisa de rico
Só voz e letra ninguém quer
Tem que ter palanque
Levar ao mundo a voz-mulher
Sair do tanque

Porque pra mim dizer o rap
Não tem credo, não tem reza
Quem sabe essa realidade
Se ‘amulhera’, se embeleza

Sou da periferia e sou até
Sou guerreira, sou bandida, eu sou mulher
Sou bonita, sou honesta e tô na pista
Quem me quiser, digo: ‘mano, insista’
E meu amante, meu amigo, não reclame
O meu nome eu já lhe disse: Fabiane
Nesse buraco que eu vivo é só alegria
Pobre ajudando pobre todo dia

Porque pra mim dizer o rap
Não tem credo, não tem reza
Quem sabe essa realidade
Se ‘amulhera’, se embeleza

18 junho 2012

169/365
Valentina

Depois que eu dei o sangue, tirando da mesa dos meus filhos parte do meu salário pra pagar uma faculdade caríssima, e, antes disso, tendo ralado para conseguir uma bolsa parcial, a empresa em que trabalho lança um programa de incentivo ao curso superior. Deus, que ironia! Me formei em março, passei automaticamente de ajudante de limpeza a assistente de recursos humanos. Empresa não é gente, eu sei. Mas, quem diria?, inventaram agora esse incentivo. Justo agora? Tudo bem, investi em mim e já colho os frutos disso, mas me sinto tão preterida, ainda que não haja chance de essa decisão ter sido tomada por minha causa, de propósito. Azar? E assim estou: sem saber o que pensar.
168/365
Dagmar

É das mais antigas pregadoras do Senhor. Pula de igreja em igreja, com a bíbilia debaixo do braço. Ora no ponto de ônibus, na porta do hospital. Mas ontem, justo ontem, chegou espalhafatosa e falastrona ao churrasco de cem anos de seu Abel Batista. Vestido pink - certamente tirado do armário, estilo anos oitenta -, maquiagem brilhante e boca, boca, boca. Falou, comentou sobre o serviço, sobre as obras no Mané Garrincha, sobre o Cachoeira, sobre os maridos da Eudina, da Aparecida e da Cleide. Falou da Eudina, da Aparecida e da Cleide também. Ia trocando de interlocutor. Ficou até a festa acabar, sempre com um copo de cerveja na mão. Foi um domingo em que se esqueceu do Senhor.

16 junho 2012

167/365
Adriana

Lázaro veio salvar a irmã. Nada mais. Foi-se. Ela, sim, talvez tenha algo a aprender neste mundo, como eu. Quanto mais conforto e equilíbrio procuro, mais eu choro. Disseram que vai passar, que ele está bem e vinculado a nós, cuidando de nós. Meu útero nem voltou para o tamanho normal. Dos meus seios mina leite. E dor.

15 junho 2012

166/365
Michele

- Não mora mais aqui não.
- Como não mora? Onde?
- Não mora mais aqui.
- Isso é um celular!
- Ah, então ela morreu, meu filho. Esse celular não é mais dela.
- Eu sei que é você, princesa.
- Me respeita.
- Fala comigo. Onde você está? Que coisa ridícula fazer isso na sua idade.
- Caralho, agora sou velha...
- Você não é velha. É linda, é minha mulher... mas você fugiu, Michele. Cadê você?
- Não te interessa, Robson.
- Querida, vamos conversar?
- (às gargalhadas) Nem a pau.
- Querida...
- Vai se catar.
Desliga. Para sempre.

14 junho 2012

165/365
Lídia

Sei exatamente o que pensam quando me olham assim: "essa velhinha sozinha?" Eu ando sozinha há muito tempo. Pra qualquer lugar dessa Brasília. O que mais sinto falta é de dirigir. Já faz uns doze anos que me arrancaram do volante. Ok, afinal, em um mês, me envolvi em quatro acidentes. A gente tem que respeitar os próprios limites. Mas continuo lúcida e esperta. Não quero ficar em casa fazendo tricô. E vejo, aqui no shopping, essa mãe e essa filha me olharem com certa pena. Certamente questionam, silenciosas e intrigadas, se tem uma babá comigo escondida em algum lugar. Não tem. Quando terminar o meu almoço delicioso, vou continuar a minha caminhada pelas vitrines. Ainda tenho que comprar o meu elixir da juventude, durex e um presente para a Carolina.

13 junho 2012

164/365
Ana Telma

Não costuma dar o seu melhor sempre. Economiza até nos detalhes mais bobos. Se tem duas latas de leite condensado de marcas diferentes, certamente usará primeiro a mais barata ou a de pior qualidade. Entre uma roupa muito chique e outra mediana para trabalhar, escolhe a segunda. Raciocina assim: vai que amanhã tenho uma reunião importante?

Ontem, convidou o Moacir para um jantar romântico em casa. Terapeuticamente, decidiu: vou dar o meu melhor. O mais caro forro de mesa, a louça mais fina, o vinho chileno guardado, vestido, perfume, maquiagem. Tudo impecável. Os dois, juntos há oito meses, mereciam. Moacir ligou.

- Estou num trânsito infernal.
- Ai, que pena. Vai demorar, então?
- Na verdade, Ana... estou embaraçado, mas...
- (respira) o que foi?
- Eu não vou.
- Poxa, mas... e agora? Guardo pra amanhã?
- Eu não vou hoje, nem nunca. Eu não quero mais ficar com você. Desculpe. Boa sorte.

12 junho 2012

163/365
Ana Karla

Su, deixa eu te contar desde o início: acordei, tomei café e liguei LOGO pra ele. Nada. Ele não atendia. Fiquei preocupada. 11:16’32
Skipe, celular, SMS, telefone fixo, MSN, Facebook... tentei tudo. Temi. Ronaldo sumiu, sumiu, sumiu. 11:17’09
Ui, Su, foi mal, demorei... tentei aqui falar com a Naty, mas ela escreveu “oi” e saiu. Off line. 11:19’15
Mas, hein, Su, resolvi esquecer ele um pouco, tomei banho, fiz escova 11:19’40
E ele mora aqui no prédio, no ap debaixo, mas senti vergonha de ir até lá. Ok, ok, vergonha & preguiça. Eu ando bem preguiçosa. E comendo muito. 11:21’31
Estava agora mesmo comendo um donuts delicioso, que meu pai trouxe. Lembra do meu pai, Su? 11:22’02
Su? 11:23’50
Não terminei a história 11:24’01
Kd tu, Sussu? 11:24’13
Su Su Su 11:24’38
Ei, Sussu! 11:24’44
Tá offffffff? 11:24’50
Suuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu 11:25’01
Respoooonde! 11:25’25
Affff, to saindo. Você some. Deve estar com o Ron e com a Naty. Palhaça. 11:26’10

11 junho 2012

162/365
Ana Pérola

Odeio aquarelas. Colorido morto, floral. Paisagens singelas, apasteladas. Não, não gosto. São tristes demais. Anêmicas demais. Mentem, enganam. Surrupiam traços marcados, limites. Embaçam. Oníricas demais. Aquarelas entram pelos meus olhos invasoras, me desafiam com a sua apatia. Reajam, cores mórbidas dos infernos! Submarinas, transparecem, doentes, janelas enxutas, técnica e expressão de gente molhada e sem sal. São como Nescau na água. Quero cores que, sólidas, me piniquem as vistas, que me provoquem alegria ou dor: não o meio termo, o morno, o lacrimoso. Papéis tortos, chovidos. Aquarelas são aquosas demais. Aguadas demais. Dissimuladas.

10 junho 2012

161/365
Ana Amélia

São três aninhos, não é qualquer coisa, a gente se vira. Difícil vai ser fechar a lista nos cem. Mas não tem como passar disso. E vamos pensar bem, tem uma gordurinha aí, nem todo mundo vai poder ir. A casa de festas já está 'ok': R$ 4.200. Dividi em dez vezes e já pagamos duas. Tathiane vai se divertir, amor. Tem joguinhos, roda gigante pequena, piscina de bolinhas, pula pula, casinha de boneca. A decoração é do Mickey e já está inclusa. Falta fechar os doces: bolo de R$ 400 e R$ 720 de bombons; quase R$ 1.500 de lembrancinhas. Entenda: são orelhinhas, chicletes e chocolates embalados com os motivos da festa, quebra cabeças Disney, potinho de vidro com brigadeiro de colher. E o vestido de Minnie. Vai dar, vai dar, Hélio. Pede pro Igor uns R$ 2.000 emprestados e a gente atrasa o condomínio só este mês e também a C&A e a Riachuelo. Nossa princesa merece.

09 junho 2012

160/365
Ana Paula

Faz mais ou menos 2.555 dias que estou neste mundo. Sei escrever, fazer contas, cantar de cor algumas músicas e até decorei as falas de cenas de filmes. Sei também ajudar a cuidar da minha irmã Natália, que tem uns 90 dias de vida. Bem menos que eu. Meu pai quer que eu seja médica e minha mãe quer que eu seja estudiosa, ande bem arrumada e arranje um bom homem. Quero estudar o suficiente pra ser bombeira ou pintora. Não pintora de paredes, mas de artes mesmo. E não quero ter filhos ou maridos.

08 junho 2012

159/365
Ana Diva

- Me beija, Rafael.
- Ai, que ódio. Já pedi: me chama de Ana Diva.
- Desculpe, mas beija. Vem cá. Tô num tesão, amor.
- Estou assim, amor, tristonha, sei lá.
- Ana linda, vem cá... gostosa.
- Ai, tô tão triste, amuada. Acho que é TPM.
- Não seja ridículo, Rafael.


158/365
Ana Flávia

Feriadão. Isopor, baianinha, biquinis e sungas. Chevete rumo ao Zoo. No churrascão, enquanto todos comem e bebem de se esbaldar, descoloro meus pelinhos e faço alisamento capilar. Depois, um grau no bronzeado. Um franguinho e um refri light. Tenho que manter a beleza.

06 junho 2012

157/365
Ana Cristina

Terminei com o filho da puta do Gustavo. A partir de hoje sou lésbica.

05 junho 2012

156/365
Ana Maria

Mais um crime passional, dizem. No entanto, a motivação não foi ciúme, posse: foi dinheiro. Por que chamam de passional, então? O cara era dono de uma multinacional, tinha um seguro gordo e só a mulher como herdeira. Nenhum filho. Claro que foi a Ana Maria. Crime comum, assassinato, homicídio, latrocínio, como quiserem classificar. Menos passional. Não havia paixão nenhuma entre os dois. E, mesmo se houvesse, crime por paixão sequer existe, a não ser que seja uma overdose de sexo fulminante. Foi o caso? Não. Ana matou. Pronto.

04 junho 2012

155/365
Ana Claudia

Vai se casar em agosto. Não fechou buffet, não experimentou um vestido sequer. Escolheu as cores das flores e do buquê, o espaço já está pago e os convites envelopados e selados. Não tem lista de presentes ainda, muito menos apartamento em vista para alugar. Comprou um sapato pink, que combina com as gérberas, e agendou cabeleireiro e maquiagem. Champanhe, uísque e vinho encomendados. Bolo? Docinhos? Toma nota. O noivo trabalha 24 horas por dia; mal se falam. Se nesses dois meses restantes ele desistir, ela nem vai ficar sabendo. Ri. Gargalha.

03 junho 2012

154/365
Pauline

Minhas filhas já me chamaram a atenção para os meus cabelos que me demandam muito tempo todas as manhãs até ficarem razoáveis. Meu namorado me largou porque eu sou muito crítica, segundo ele, mas o real motivo - tenho certeza -: celulites. Não estou acima do peso, sou saudável, tenho um emprego mediano, suficiente, nada de grande dívidas. Porém, porra!, não tenho a cintura da Paula Fernandes e, que merda!, tenho costelas e pulmão (ela não). Minha pele tem manchinhas e meus cílios são espaçados. Sou normal e, por isso mesmo, imperfeita, longe-longe do ideal. Indesejável?

02 junho 2012

153/365
Laurea

Morena? Loura? Não, agora ataco de ruiva. E é ruiva vermelha - não laranjada. Cabelo novo; vestido reciclado: o mesmo pretinho de paetês. Chiquérrimo, mas usadíssimo. Ninguém vai notar. Se a minha postura for outra, eles pouco vão olhar pra minha roupa. Calcinha esconde-gorduras; sandália básica.
- Cássia? Oi, linda. E aí, descobriu?
- Ele vai, Laurea.
- (aos gritos) Maravilha! Vou estar linda, amiga.
Angelo que me aguarde. É hoje.

01 junho 2012

152/365
Viviane


Ontem, no dia mundial contra o tabaco, Aldo me ligou querendo voltar, dispensei, almocei com Juliana, falei com minha irmã duas vezes, lavei o cabelo, me depilei, comprei detergente, bombril, pimentão e leite, trabalhei até tarde, fui a um happy hour com o pessoal da loja e, juro, só fumei maconha.