22 junho 2007

O nascimento do bom repórter

Em casa, à medida em que crescemos, nossos pais ou responsáveis nos ensinam a ser agradáveis, a ouvir etc. Isso, claro, salvo as exceções. Ao chegar na faculdade de jornalismo, e também considerando as devidas exceções, nós aprendemos o contrário. Seja chato, interrompa, conduza, diversifique... O bom repórter aprende rápido e, quando cai no trabalho diário, se aperfeiçoa. Foi isso que eu pude presenciar anteontem no bate-papo com o Sérgio Sant’Anna. Seu eloqüente chará, o respeitável Sérgio Sá, mostrou que aprendeu direitinho. Foi chato, interrompeu, conduziu (com pouco tato e algum descuido quanto ao encadeamento de assuntos) e diversificou tanto a pauta da conversa, inclusive com demonstrações multimídia, que Sérgio Sant’Anna e sua obra pareceram uma colcha de retalhos. Bem mal costurada, diga-se. Quando o assunto descambou para a morte, a pretexto do último livro do autor, O vôo da madrugada, um desagradável comentário tomou a cena. Concluiu Sá que a escolha por um assunto algo macabro poderia ter a ver com um vislumbre de morte próxima do autor? Talvez, já que a pergunta do mediador foi: “é a idade, Sérgio?”. Mas relaxemos. Considerações sobre a mediação à parte, foi um acontecimento conhecer o escritor. Além de ser incontestavelmente um dos melhores escritores brasileiros vivos, é um cara tranqüilão, sem frescuras, sem conceitos mistificados, sem compromissos literários (aparentemente, ao menos), aberto, enfim, a experimentações. Esperamos vê-lo mais pela cidade.

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