Las Ramblas
Finzinho de verão. Enfim, nas Ramblas, eu desfrutava de
merecidas férias num bar, com a vista de uma praça.
Sou um cara bonitão e, com aqueles trajes em linho,
tintas, óculos escuros e cigarros mentolados, senti que pareceria ainda mais atraente.
Logo alguma moça me dirigiria olhares suplicantes. Era meu devaneio. Sozinho há
seis meses, não conseguia me desfazer da raiva e da inveja de Joice, que devia
ter vindo pra Barcelona comigo. E me sentir bonitão assim e ali era a minha vingança.
Era cedo para beber, então pedi um café, enquanto tirava o
material da bolsa.
- ¿italiano?
- no. Soy brasiliano.
- no – impaciente e dando um tapa na testa – ¿café italiano?
- ah... yes... sí... grazie – enrubescido.
Pedi também um copo d’água pra aquarela. Tracei uma árvore.
Outra. A lateral de um prédio antigo. A porta. Misturei preto, vermelho e azul,
em busca de um marrom aproximado. Faltava amarelo.
Ele chegou ao meu lado, me apontou uma pistola – ou o que eu supus ser uma – e cochichou: todo. Queria tudo. Entreguei minha carteira, minha bolsa com passaporte. Hesitei, mas lhe dei moleskine, paleta, pincéis e até o copo d’água, que ele me devolveu em seguida. Pegou o meu iphone 4C, examinou rapidamente e me devolveu. Sumiu.
Ele chegou ao meu lado, me apontou uma pistola – ou o que eu supus ser uma – e cochichou: todo. Queria tudo. Entreguei minha carteira, minha bolsa com passaporte. Hesitei, mas lhe dei moleskine, paleta, pincéis e até o copo d’água, que ele me devolveu em seguida. Pegou o meu iphone 4C, examinou rapidamente e me devolveu. Sumiu.
Consegui entender o garçom dizendo que não iria me cobrar o
café, mas que eu não podia ficar ali. E ele tinha pressa.
A raiva de Joice desapareceu. E passei a sentir inveja dos
turistas que sabiam, ao menos, o endereço do hotel.