12 novembro 2006

Revista Literatura - a sadeira?

Recebi de Nilto Maciel alguns exemplares do n° 32 da revista Literatura, por ele editada. Há alguns dias, anunciei aqui a morte da revista, por falta de verba e apoio. Entretanto, há pouco soube que pode haver esperança. O relançamento da revista está sendo cuidadosamente pensado. Não se sabe ainda por qual meios ela deverá circular, mas a intenção de retomada existe. Vamos torcer. E não é demais lembrar que nesse último (?) número há um conto meu, chamado "Fabrício Cidadão dos Santos Ferreira". Confira um trechinho.

Fabrício Cidadão dos Santos Ferreira odiava a escola, as paredes cheias de desenhos, os alunos que tinham dinheiro pro picolé. Gostava de trabalhar. Tinha doze anos e acabara de ser demitido sem justa causa do segundo emprego. Quebrava pedra atrás do morro. Fazedor de brita e de areia. Gostava.

E por falar em Nilto Maciel...

...junto com as revistas, o autor me mandou dois romances. Já estou com coceira pra começar. São eles: Estaca zero (Edicon), de 1986, e o instigante já no título Os varões de Palma (Códice), de 1994. Logo logo comento.

Todas as gerações no Correio

Saiu uma resenha bombástica no caderno Pensar do Correio Braziliense do último sábado. Assinado por Sérgio Sá, o texto tem como mote a falta de unidade dos contos reunidos na antologia Todas as gerações (LGE), organizada por Ronaldo Cagiano e com um conto meu. Sá chega a declarar que a quantidade (são 102 autores) foi privilegiada em detrimento da qualidade dos textos. Alguns autores - muitos já consagrados, diga-se - foram exaltados. O jornalista também elogiou os contos dos (quase) estreantes Juliano Cazarré e Pedro Biondi. Logo no subtítulo, Sá destacou: "Com 102 autores, a antologia Todas as gerações - o conto brasiliense contemporâneo apresenta bons momentos de ótimos escritores. Mas o resultado é demasiadamente irregular devido à grande quantidade de textos ilegíveis, piadas e doses de auto-ajuda". Concordo em parte: admito que há ali contos muito ruins (julgamento discutível, claro), mas qual é o problema de lermos piadas e auto-ajuda? Talvez fosse mais fácil discutir se Sá tivesse mencionado um ou outro que se encaixassem nessas categorias. Entretanto, de antemão, julgo que o entretenimento ainda pode ser o salvador da literatura. Se é que ela vai precisar de salvação.

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