11 março 2009

Tereza XXVI

Quando tinha oito anos, no pátio da escolinha classe média baixa em Fortaleza, Tereza testemunhou atônita o início de uma briga entre Jorge e José Alcir. Ao ver que os dois se preparavam para o corpo-a-corpo, sem tempo para explicação, ainda que para si, a negra pulou no pescoço de Jorge: 'larga meu amigo!'. O menino, de proporções paquidérmicas, fez um movimento de ombros tal que jogou Tereza longe, perto de uma poça. A briga não aconteceu. E no chão e com lágrimas de ódio no rosto, a menina contemplava os dois de costas caminhando lado a lado para o portão, pensava na surra que levaria do pai e lamentava que José Alcir sequer fosse capaz de cumprimentá-la todos os dias.

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