11 julho 2013

Chupeta erva doce

Foi hoje, quando despertei do sono da tarde, que percebi que o gosto amargo da garganta tinha sumido. A frustração sumiu. Espantei mãe, avó, sogra, tia e prima - o meu poder era espantar - quando puxei o menino do colo de uma delas e grudei no meu peito, que latejava. O menino bebeu tudo e secou o outro peito. Elas, nem palavra. Desafiei cada uma a me olhar nos olhos. Nada. Sabiam que nada podiam fazer. Minha mãe ainda ensaiou com os lábios, mas preferiu calar. Me olhou de esguelha, suspirou. Recolheu a bolsa e a vó e saiu. Deve tá boa da frescura, pensou. Não encorajou as outras a fazerem o mesmo. Cada uma com sua certeza ou dúvida, com a sua sentença e missão familiar. Botei o menino pra dormir, choroso. Fiz carinho. Penteei meus cabelos, lavei os peitos. Melei o bico da chupeta no chá de erva doce. O menino dormiu. Escutei a prima lavando louça. A tia tricotava um sapato azul. Sogra cochilava. Cacei o controle da TV. Eu estava sob o controle. Enfim.

3 comentários:

Naity disse...

Adoro seus mini contos!! Viajo neles sempre!! =)

Giovani Iemini disse...

não entendi esse...

Setor Literário Sul disse...

coisa de mãe, Giovani