04 fevereiro 2014

Joaquim


Cantarolava um ponto. Juntava as pedrinhas. Pronto. Oferecia. Frente aos dois discípulos corpulentos, molhou um maço de arruda e sacudiu sobre eles. Tudo era bento naquelas cachoeiras de Xangô, cria. Iniciava uma oração, pisava nas vestes, ajeitava as contas. Os discípulos acompanhavam. Criavam, entre si, uma força que para os céticos se traduzia em confiança. Era pai deles. E suas histórias eram tão eruditas quanto fluídas e maleáveis, conforme o curso mole que as pedras desenhavam. Os discípulos ouviam com atenção. Agradeciam.


#reveza2x2 - conto de Liana Aragão - ilustração de Solange Pereira Pinto

Nenhum comentário: