28 janeiro 2007


Perfume com notas enjoativas

Estreou esta semana o filme Perfume: a história de um assassino, de Tom Tykwer, uma adaptação do romance de Patrick Süskind. Trata-se da história de Jean-Baptiste Grenouille, que nasceu no fétido mercado de peixes em Paris e que possui um olfato privilegiado. Sua trajetória é movida pela busca por novos cheiros. Com uma fotografia deslumbrante, o filme peca pelo excesso. Tudo é hiperbolizado: a realidade miserável do jovem Grenouille, a sua genialidade, as cores, a poesia e a sua compulsão aliada à ambição que o leva a produzir um perfume capaz de escravizar pessoas são um exagero aos nossos olhos, ouvidos, boca, pele e – por que não dizer – narinas. Uma boa surpresa é a construção de um personagem sem culpas, movido por uma busca embasada na vaidade, explorando o olfato, um sentido pouquíssimo visitado em literatura ou cinema. Ou qualquer outra arte. O conjunto, entretanto, configura uma fragrância enjoativa. As três horas de filme chegam a dar náuseas.


Ignorâncias reveladas?

Vale, para reflexão, a leitura do texto "O leitor ignorante (a verdade por trás do mico)" publicado por Mário Bortolotto e reproduzido em partes por Marcelo Sahea (link ao lado). Uma reunião de leituras já batidas sobre leitores, editoras, mercado, que resulta num pequeno tratado que se calca nos repetidos e repetidos e repetidos discursos sobre a importância da leitura, da qualificação do leitor, da necessidade de tornar mais sérias as editoras etc. etc. etc. Algum ressentimento, talvez? Raiva contida? Eu, aqui com a minha ignorância, me pergunto quem é quem para apontar a ignorância do outro. O que será isso? Uma explosão? Qual será a estratégia por trás de um texto desses?

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