25 maio 2012

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Geralda

Deixei o serviço público depois que vi uma menina de doze anos grávida do próprio irmão. Foi o meu último atendimento. Não que eu tenha precisado escolher. Já vi outras várias atrocidades e talvez o acúmulo delas tenha me deixado assim, arrasada e impotente. Decidi, anunciei a data, assinei papéis e pronto. Saturada. E não bastava os casos serem extremos; o atendimento que pude prestar foi ridículo. Eu mal tinha materiais para um curativo. Deixei essa vida. Agora dou aulas até conseguir montar um consultório. Me afastei do pior que o ser humano já pôde construir. Mas ele ainda existe.

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