05 setembro 2012

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Yane

Então, por culpa, liguei para o Wilson e disse que estava com muita saudade. Ele foi afetuoso. O meu sentimento era sincero: naquele momento, eu era plena de saudades. Mas não de Wilson. Pela manhã, tive que vasculhar mensagens antigas para provar que havia entrado em contato com a minha operadora de celular dois anos antes informando um problema crônico. Evitavelmente – mas um impulso qualquer me fez querer –, comecei a reler e-mails do Jorge. Namoramos serenamente por oito meses e ele se mudou para outro país. Espirituoso, em uma das conversas que encontrei, ralhava comigo por eu ter lhe contado que conhecera Wilson: “como assim namorando? Nós nem terminamos”. Escolhia cada palavra, certo de que me faria rir e rir e rir. E, sim, eu ria e ria e ria. Jorge lia, pacientemente, meus contos e poemas e comentava com uma mistura de carinho, admiração e seriedade. Era um crítico literário consagrado no Brasil e eu me sentia envaidecida. Até hoje não tenho certeza se ele gostava mesmo do que eu lhe mostrava ou se apenas gostava de mim. Aos poucos, deixamos de trocar correspondências. E essa relação, que com a distância se converteu em amena amizade, perdeu-se. Não sei mais dele. E é evidente que não encontrei o e-mail sobre problemas com o celular.

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