22 setembro 2012

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Vitória

E no decorrer da conversa descobriram-se, as três, mães solteiras. E entre as coincidências, dicas, sugestões e experiências trocadas, chegaram ao seguinte resultado sobre os respectivos pais: o da primeira era um crápula mercenário e pão duro, não pagava pensão, mas era presente na vida do menino, carinhoso, atencioso; o da segunda, pagava uma quantia mensal bem gorda, que a permitia trabalhar menos inclusive, mas não lembrava nem do aniversário da princesinha; o de Vitória, nem pensão, nem atenção. E assim a conversa se voltou para ela, um turbilhão de orientações para mudar a situação de modo inteligente e eficaz. Vitória sequer ouviu. Optara, há muitos, pela paz.

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Aparecida

Casou-se virgem. Nos primeiros meses mentia para todos, contando, sem detalhes, as alegrias da vida a dois. Não sustentou a versão - a mãe e as primas já desconfiavam -, pois viu-se diante do inusitado diagóstico proferido por sua médica de confiança: alergia aguda a esperma. Ou ao menos ao esperma do amado, que nem se sabia mais amado, que nem sabia sentir vontade de ter relações com Cida. Os exames não puderam detectar outra coisa. Mas a médica a confortou: é apenas uma alergia. Não vai matar ninguém. Vida normal? Filhos? Talvez, se ela conseguir superar o medo da coceira. E se ele conseguir superar o medo da cara dela durante o ataque.

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