11 abril 2014


Irina de Ernesto


Então o argentino Ernesto conheceu uma russa firme. Não loira, ruiva. Respeitável jornalista, esperta e elegante sobre a dona de casa eficiente sobre uma mulherzinha dengosa que andava de calcinha em casa. Irina era uma Irina dentro de outra Irina e de outras – era todas. E se orgulhava disso. Russa firme que vivia sua feminilidade com frescor, fugida de teorias que estudara na faculdade. Não gastaram tempo com teorias. Ele a tomou pelas mãos, impressionado pelo riso dela – que não chegava a ser bonita. Nos doze dias em Moscou, apareceu no curso duas vezes: uma para se credenciar e uma para tentar em vão resgatar o investimento. Pôs os olhos em Irina. Quis ouvir seus gemidos.

#reveza2x2 - ilustração de Solange Pereira Pinto - conto de Liana Aragão

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