Irina de Ernesto
Então o argentino Ernesto conheceu uma russa firme. Não
loira, ruiva. Respeitável jornalista, esperta e elegante sobre a dona de casa
eficiente sobre uma mulherzinha dengosa que andava de calcinha em casa. Irina era uma
Irina dentro de outra Irina e de outras – era todas. E se orgulhava disso.
Russa firme que vivia sua feminilidade com frescor, fugida de teorias que
estudara na faculdade. Não gastaram tempo com teorias. Ele a tomou pelas mãos,
impressionado pelo riso dela – que não chegava a ser bonita. Nos doze dias em
Moscou, apareceu no curso duas vezes: uma para se credenciar e uma para tentar
em vão resgatar o investimento. Pôs os olhos em Irina. Quis ouvir seus
gemidos.
#reveza2x2 - ilustração de Solange Pereira Pinto - conto de Liana Aragão
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