20 julho 2008

Nome próprio - resenha sobre mim, sobre Leandra e sobre Clarah

Acabo de assistir ao filme Nome próprio, de Murilo Salles. Não é possível elogiar com os elogios que já existem a interpretação de Leandra Leal. A atriz é Clarah Averbuck (ou Camila, pseudônimo da escritora gaúcha) da cabeça aos pés (e ao coração). Espetacular, visceral (pra repetir o que os críticos já andam dizendo). Mas há algo no filme que me incomoda. E há de ser o mesmo algo presente nos livros de Averbuck. São relatos obviamente autobiográficos, precariamente ficcionalizados (e isso é proposital), e só me dizem coisas sobre um modo infantil de lidar com as situações da vida real. São todos os livros dela muito "Liana" demais, há muito de mim ali. Mas, principalmente, há muito do que eu detesto em mim. Tudo isso deve se explicar a partir de uma adolescência muito bem vivida, e da qual não me arrependo, mas que está lá atrás, no lugar dela, no passado. E a Clarah/Camila tem a minha idade e segue infantilizada, irresponsável, iludida, meio sonhadora, deslumbrada. Aí está a palavra: deslumbrada. E impune. Tudo isso se sustenta bem numa literatura originada de blog, que é o caso dela - e é muito do que eu faço também, claro -, e no cinema e em qualquer outra arte contemporânea. Mas na vida real não. É adolescente demais; é classe média demais. E, especialmente para a vida real, estou farta de fantasias melancólicas, de neogóticos, de emos adolescentes e, principalmente, de emos adultos. Se é pra tocar o 'foda-se', posar providencialmente de irresponsável, de rebelde-com-conteúdo, de visceral (repetindo...), eu toco aqui: essa literatura, pra mim, não é suficiente. Não digo que não é boa, pois já li tudo de Averbuck. Mas é pouco. E essa escritora tem mais pra dar; é só apostar em outras ficções. Quem sabe ela não chega, um dia, ao talento pulsante de Leandra? Que se dá, inteira, à personagem. Mas passa longe de qualquer imagem (minha) adolescente.

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