07 maio 2012

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Ailina

- Local de nascimento.
- Igarapé-Miri, Pará.
- Ah, terra do Pin...
- É, do Pinduca. Nem pra eu nascer num lugar com artistas mais elegantes.
- Que é isso, moça? O Pinduca é o rei...
- Ah, você não sabe de nada, moço. Vem aqui no meu estado me dizer o que é bom ou ruim. Que carimbó é bom, que a gente tem que preservar as raízes, evitar gostar de música clássica, por exemplo. Quero saber o que ia achar se eu me formasse antropóloga e fosse lá no seu apartamento de Brasília dizer que o Nicolas Behr é um grande poeta e...
- (rindo) Certo, certo.
- Não sei por que ri.
- Desculpe, mas é engraçado. Eu me surpreendo cada vez que você mostra conhecer algo de Brasília.
- (irônica) É, por que a gente parece atrasado, né?
- Não exatamente, mas, sim, eu fui educado com muita distância dos seus costumes e tenho meus preconceitos. Podemos continuar?
- Sim.
- Idade.
- 29.
- Raça/cor?
- O que o senhor acha?
- Indígena.
- Não. Não tenho nada com índio. Sou católica. E, logo que descobrir como, vou mudar o meu nome para Virgínia. Tem mais a ver comigo.

Um comentário:

Giovani Iemini disse...

hahaha. ê sujeitinha.