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Ana Pérola
Odeio aquarelas. Colorido morto, floral.
Paisagens singelas,
apasteladas. Não, não gosto. São tristes demais. Anêmicas demais.
Mentem,
enganam. Surrupiam traços marcados, limites. Embaçam. Oníricas demais.
Aquarelas entram pelos meus olhos invasoras, me desafiam com a sua
apatia.
Reajam, cores mórbidas dos infernos! Submarinas, transparecem, doentes,
janelas enxutas, técnica e expressão de gente molhada e sem sal. São como
Nescau na água.
Quero cores que, sólidas, me piniquem as vistas, que me provoquem
alegria ou
dor: não o meio termo, o morno, o lacrimoso. Papéis tortos, chovidos.
Aquarelas
são aquosas demais. Aguadas demais. Dissimuladas.
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