11 junho 2012

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Ana Pérola

Odeio aquarelas. Colorido morto, floral. Paisagens singelas, apasteladas. Não, não gosto. São tristes demais. Anêmicas demais. Mentem, enganam. Surrupiam traços marcados, limites. Embaçam. Oníricas demais. Aquarelas entram pelos meus olhos invasoras, me desafiam com a sua apatia. Reajam, cores mórbidas dos infernos! Submarinas, transparecem, doentes, janelas enxutas, técnica e expressão de gente molhada e sem sal. São como Nescau na água. Quero cores que, sólidas, me piniquem as vistas, que me provoquem alegria ou dor: não o meio termo, o morno, o lacrimoso. Papéis tortos, chovidos. Aquarelas são aquosas demais. Aguadas demais. Dissimuladas.

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