24 janeiro 2014



Esteves

Num barco, olha-se para trás. Viram-se as costas para o horizonte porque é inevitavelmente sabido que aquilo é apenas um horizonte: nada mais se mostra. E o que se vê? Esteves, o meu amor. Delira-se. Vejo-o ora em minhas mãos, ora liberto. Tal como agora, hora em que não há Esteves atrás de mim, me querendo e me desejando. Só no meu passado. E agora? Haveria alguém? Estaria bronzeado ainda? Disposto e sorridente? Cheirando a alfazema, suor ou bolor? Olha-se para si. Só se tem um barco, um horizonte. E é vazio.

 #reveza2x2 - ilustração de Solange Pereira Pinto - conto de Liana Aragão

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