72/365
Emília
13 de abril de 2012 - Pronto. Marquei uma data. Daqui a um mês, vou largar para sempre o cigarro. Motivo: saúde. Exclusivamente, pois tenho um tumor nas cordas vocais em pleno (e célere) desenvolvimento por conta desse conceito/objeto, que já foi minha comida, meu charme, minha muleta. Mas não estou feliz e vou registrar, neste meu diário fiel, a minha profunda indignação: dezoito anos atrás, quando pus o meu primeiro cigarro na boca, fui uma jovem ousadinha, inteligente, boêmia e extremamente sensual. Nos bares, à espera de um amigo ou amante, cruzava as pernas e acendia um free. Um movimento de cabeça fazia com que os cabelos ganhassem volume, o olhar focava desfocado o horizonte. Eu era um desenho vivo do objeto de desejo de homens e de admiração das mulheres. “Tem fogo?”, pediam. “Fogo?”, ofereciam.
O cigarro era o começo de uma amizade ou de uma bela trepada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário