21 março 2012

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Daniela

Certa vez, ainda na cama, Rogério me disse que o que lhe atraía em mim era a juventude. Retruquei, incrédula e ofendida, que aquilo parecia coisa de garotão, de menino sem nada na cabeça. O que lhe interessava, afinal, uma beleza desenrugada? Ele me esclareceu: eu era livre de rancores e mágoas. Era dessa juventude, dessa inocência de sentimentos, que ele falava. Sorri, me envaideci. Agora, todavia, pouco mais de cinco anos passados, vejo como envelheci. Talvez por isso Rogério não tenha apostado em mim; cansou, desistiu, ou simplesmente não quis apostar contra o líquido e certo: eis-me aqui, bonita, robusta, saudável e tal e qual mal humorada e amarga. Se tanto, salgada pelo tempo, seca e indigesta.

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