04 julho 2012

185/365
Valéria

Enquanto tempera o frango, Valéria discursa para as colegas, um ano mais novas que ela, Leopoldina e Angela: "no tempo de minha avó, dizia-se para as meninas brancas se casarem com um doutor ou grande produtor rural. No de minha mãe, já na cidade, dizia-se para procurarem um homem rico, formado, empresário, esperto e ambicioso. De preferência médico. Hoje, minha nega, no nosso, essas mesmas meninas riquinhas têm duas opções: ou casam com um filho de político já bem ajustado na vida, que estude medicina, ou com um funcionário público burocrata, que tenha sonhado em ser cardiologista. O cabra pode ser um merda, mas precisa ter pinta de oftalmologista e dinheiro. Essa realidade alagoana não muda nunca".

Nenhum comentário: