06 julho 2012

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Lara

Jorge foi embora. Fiquei no nosso apartamento, alugado. Passei dias tentando me livrar da presença dele em objetos, cheiros, lembranças. Joguei fora porta retratos e retratos. Garrafas, roupas velhas. Depressivei-me. Liguei para minha mãe e passei dez dias no interior do Piauí com ela. Chego hoje, jogo sal grosso em cada canto e promovo a limpeza geral. Balde, água sanitária e raiva. Magia: já não há vestígio de Jorge. Mudei a cama de lugar, o guarda roupa, o sofá. Deixei o corredor livre pro frio andar, tirar o morfo, respirar. Sentada, nesta manhã de folga, percebo que dobrar sacos de supermercado me fazem sentir mais dona do meu nariz. E plena no meu lar.

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