04 agosto 2012

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Mariah

Virou a cabeça indagadora, grata surpresa. Sim, era a mãe, a sisuda dona Adelaide, que estava ali pulando empolgada, dobrando o papelzinho com a prenda para a noiva. Estavam no chá de lingerie de uma amiga da família e o momento era justo aquele para o qual Mariah havia se preparado: estrategicamente, para evitar as recorrentes críticas de dona Adelaide, ficaria quieta, observando o ambiente em vez de participar. Já não era a primeira vez em que se sentia obrigada a se conter. Mas dona Adelaide tomou a frente, coordenou o grupo de amigas, sugeriu brincadeiras, pulou, soltou gritinhos de alegria. Sim, a mãe era uma mulher divertida. Uma menina, como ela. Agradável, engraçada. Mariah arregalou os olhos, admirou-se da descoberta. E, diante da cena tão aconchegante (não existe palavra mais adequada), preferiu permanecer observando o ambiente em vez de participar. Sorriu contemplativa e satisfeita.

215/365
Sonia

Encontrei uma escola de gastronomia aqui em Niterói. Nada mais me interessa: só peixe. Quero cozinhar peixe, quero ter um restaurante, quero ser a melhor peixeira de Lima. O nome do meu estabelecimento: Peixe do Brasil. Assim, em português, simples e lindo. Volto para o Peru em dois meses, cheia de conhecimentos e sonhos. Sim, tudo irá mudar e o meu mundo será perfeito. Só falta o Gustavo, meu (ex?) noivo peruano, me aceitar de volta. Foi ele quem me empurrou pra dentro do avião, me mandou de volta para a minha vida brasileira, mesmo eu querendo tanto ficar. Mas a ideia do restaurante irá cativá-lo, estou certa.

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