10 agosto 2012

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Débora

Ligou aos prantos para o namorado. Havia perdido a vaga no grupo de ginástica olímpica. O tórax largo, ainda de colant de treino, tremia e as lágrimas escorriam melando o rosto sem maquiagem. A boca abria e fechava num movimento que não permitia que se vissem os dentes, só a língua, e muita saliva espalhada. O namorado mal conseguia entendê-la. Duas faltas e não relevaram, não tiveram piedade. Ela não pôde argumentar, chorar, implorar. Não tinha atestado, justificativa da mãe a próprio punho, declaração da escola. Nada. Agora, nem vaga no esporte que ela sempre julgou que seria o seu futuro.

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