15 agosto 2012

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Zélia

Tem quase cinquenta. Não consegue respeitar seus colegas de trabalho. É professora. Novos ou antigos, eles formavam, para ela, um bando de reacionários ao contrário - ou disfarçados. A greve de todos os anos, para eles, havia se convertido nas férias merecidas e tão relegadas. A greve de todos os anos, para ela, era trabalho normal e contrariedade dos alunos. Não interessava, repetia o discurso: "estamos aqui, apesar da greve, para fazer a diferença. Quero contribuir com o futuro de vocês". E recebia, em resposta, interjeições desapontadas. Zélia, para os alunos, era uma heroína antiquada e, para esse fim, ineficiente. Gostavam dela, mas sentiam pena e não viam resultado prático. Zélia, para os colegas, era uma desertora safada. Não gostavam dela e não viam resultado prático.

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