09 agosto 2012

221/365
Vilanir

Gostava de saias curtas e rodadas para todas as festas. Telefonava para um e outro e, em minutos, estavam todos no estabelecimento de dona Vilar, a mãe. Vilanir era bonita, negra, iluminada, cheirosa, com muito cabelo, pele brilhante, ressaltada pelas roupas claras, sempre claras. Cantava samba como ninguém e arriscava no tamborim. Torcia, com o seu rebolado natural, o pescoço de tudo que é homem. Entretanto lhe interessavam apenas as mulheres. E, para uma linda cantora de comunidade, feminina, preta e pobre, era inaceitável, inconcebível que não virasse uma - talvez famosa - artista local, boa mãe e esposa. Chorava todas as noites no colo de dona Vilar.

Nenhum comentário: