02 outubro 2012

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Fátima
 
Temo pela minha reputação. Sempre. Peço desculpas, faço saber dos meus arrependimentos e dúvidas e – falsamente – interrogo sociedades sobre possíveis injustiças nas leituras dos meus atos. Puta merda, como me incomoda e tira o sono alguém pensar sobre mim algo ligeiramente diferente do juízo que eu mesma faço sobre mim. Que diria daqueles que me desprezam? Saber da existência deles quase me abre chagas na pele. Todos me olham. Cultivo esses olhares e desprezos. Pra quê? Talvez porque não tenha amores suficientes para cuidar ou vida que me preencha e lime meu tempo vago.
 
 
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Araci
 
É asco o que Araci sente por Ítalo. Mas não pode esquecê-lo. Sonha quase diariamente os sonhos mais sensuais de toda a vida, com ele. Ítalo é um nojentinho contínuo do escritório. Por vezes, lança olhares para ela – olhares que ela não quer decifrar. Pragueja, em silêncio, coisas terríveis ao inseto Ítalo. E ele lhe sorri. Certo dia, a contragosto, recebeu dois pequenos tabletes de doce de bananas, sem qualquer palavra. Forçou um agradecimento entredentes, mas quando Ítalo virou-se jogou as peças no lixo. Por que esses sonhos? – perguntava-se.

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