12 outubro 2012

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Érica

Minha primeira impressão sobre o Julião foi de que ele era um bobão, largado, meio sujinho, sem noção e sem amigos. Nem quis me aproximar. Mas de tanto olhar, observar - por que ele me chamou tanto a atenção? -, acho que estou com ideia fixa. Vou à aula só para vê-lo. Até o Emanoel, professor de matemática gato, perdeu a graça. Penso no bobo do Julião toda hora. Aqueles cabelos assanhados, a magreza, as espinhas, o aparelho. E ele nem sabe que eu existo.

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Helenira

Quando recebeu o ordenado, entrou numa dúvida. Merecia uma TV de LCD, finalmente, sim. E merecia, também, se ver livre da dívida da financeira (com aquele valor quitaria parte grande do que deve). Pensou, remoeu. Decidiu: deu o dinheiro todo na mão de Antônio, na esperança de terem tudo em dobro, nas cartas, no bicho, nas máquinas.

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