22 outubro 2012

295/365
Florência

Ressentia-se por ter nascido justo na cidade do homem mais velho do Brasil. Longeva, cuidava-se paranoicamente todos os dias, bem como rezava com regularidade para que seu Jacinto descansasse. Era a chance - a única - de ter sucesso. Assumiria o posto com honra e responsabilidade. Na primeira entrevista para a rádio local, pareceria lamentosa por ocupar o lugar do velhinho querido e se mostraria doce e madura.
294/365
Nívea

Gosto de sucos. Resolvi aderir à filosofia frutariana. Comprei um juicer potente pela TV e agora me sinto mais leve e saudável. Me mudei para o interior. Na casinha que aluguei, fiz uma horta e um pomar. Sim, estou mais leve e saudável. Minha pele anda esticadinha e reluzente. Pena não ter uma balança pelas redondezas. Até espelho aqui é difícil. Chatos só os mosquitos. Saudades de um McChedar.

293/365
Cintia

Uma tristeza que não sabia de onde vinha. Fez brigadeiro e assistiu a doze filmes argentinos, com um breve intervalo para o xixi.

292/365
Leocácia
 
Aproveitou as férias para fazer um curso de secretária e outro de segurança. Um emendado no outro. Louca pra largar os serviços gerais. Não tinha saco, mas lembrava que já havia sido bem caprichosa, quando a empresa ainda usava detergentes de boa qualidade. Lamentava as unhas sempre mal feitas, esmalte descascando. Não! Formou-se a melhor secretária da turma. E, não fosse a Layde, sua amiga igualmente desestimulada com a limpeza, teria sido a primeira da turma de segurança também. Mas as duas estavam bem, muito bem. Em breve, nada de baixar cabeça pra encarregado ou pra usuário fresco e reclamão de banheiro ou copa.

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