24 outubro 2012

297/365
Jane

Não pôde dormir. Provas finais do Colégio Militar e revisões para o vestibular. Na mesa da sala, fazia pesquisas, anotava pontos importantes, tomava café. Em um cochilo de vinte minutos, sobre os cadernos, sonhou que o Marcelo Serrado, trajado de jaleco e touca, lhe oferecia uma massagem nos seios. Ela disse que não, quando viu-se só de calcinha na maca. Ele insistiu e ela gritou pra ninguém. De volta aos livros, viu que havia acordado o pai e o irmão, que, plantados, assistiam Jane gritar com os cabelos desgrenhados e as mãos no busto.

296/365
Leopoldina

Tinha pelos e movimentos elegantes. Olhos mostarda. Lambia-se lentamente, sedutora. Imitava as mais impossíveis posições de yoga. Do pescoço pendia uma corrente de couro e um L metalizado brilhava. Único adorno. Inventava dengos e manhas. Bebidas e fina comida ao seu alcance. Espreguiçava-se, aborrecia-se, sentia-se dona do mundo. Não tinha planos, nem compromissos. Nem mesmo culpa.

Nenhum comentário: