21 janeiro 2014

Gentileza

Pra ele bastou. Prostrou-se diante do papel de parede nude do quarto.
- E daí que não vi graça na história, Ron?
- Hm.
- (risos pouco confiantes) Hein, amor? Vem cá, pára de briga, dá um beijinho.
- Chega, Carol.
- Não tô acreditando, Ron.
- Você não se enxerga não? Não vê o tanto que é ridícula? Te falo de uma gentileza... o cara segurou a porta do elevador pra três pessoas que estavam longe... coisa rara hoje em dia... (transtornado) e você não dá a mínima?
- Ah, ridículo é você. Eu ouvi, sorri e pronto. Não tenho comentário a fazer. Nem sei por que enfatiza tanto essa (com voz debochada) “falta de gentileza da humanidade e blá blá blá”.
- Insensível.
- Doente.
- Chata, egoísta.
- Patético. Filhinho da mamãe.
- Filhinho da mamãe não, Carol. Pô, a gentileza hoje em dia...
- (exaltada) Ah, foda-se.




#reveza2x2 - conto de Liana Aragão - ilustração de Solange Pereira Pinto

Um comentário:

Anônimo disse...

o que é um papel de parede NUDE?