06 março 2014



Pipoca

No momento de uma entrada dura.
– Tu é burro.
– Tá doido, é? Sou esperto.
– Tu é só arrogância.
– Oxe, eu tenho culpa se tu não joga nada, não aguenta nada?
– Que não aguenta nada o quê, rapaz? Tu que é fraco.
– Imbecil.
– Arrogante! Cabelim de pipoca.
– Tu é um merda.
– Cabelim de pipoca.
Juntaram-se os outros ao coro de Luiz.
– Pipoca! Pipoca! Pipoca!
– Então ninguém joga mais, seus filhos da puta. Pronto, acabou.
Os outros calaram. Cochicharam entre si.
– Peraí, Bibiu. Futebol é assim mesmo, cara. – Luiz lhe dava tapinhas nas costas.
Bibiu só olhava.

– Bora jogar. Tu é brilhante, cara.

#reveza2x2 - ilustração de Solange Pereira Pinto - conto de Liana Aragão

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