11 janeiro 2012
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Laura
Tinha pezinhos de anjo, menores que os da maioria das crianças da mesma idade. Mas era geniosa. Cada birra resultava em valiosos olhares permissivos e, às vezes, doces (além do pedido objeto do show). Não se tratava de falta de educação, diziam os pais e atestava a psicopedagoga, mas de personalidade. Um grito no supermercado, um escândalo na casa dos parentes, um choro desnecessário por uma boneca nova – tudo seria pouco, quase nada, diante do dinheiro que a pequena renderia. Os sonhos do casal – primeiro era casar, ter dinheiro para alugar um apartamento na Asa Sul, comprar um carro semi novo e planejar a chegada da princesa – agora se resumiam em quitar dívidas, equilibrar os gastos, sair do vermelho. Com um comercial de TV feito e já matriculada em teatro e sapateado, mal sabia a ordem do alfabeto. Investimento. Os olhos dos pais brilhavam de orgulho.
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