20 janeiro 2012


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Ava Eugênia

Deixara de comer carne, inclusive frango. Tudo para agradar o namorado estrangeiro, que considerava a prática de devorar animais deplorável. A data do casamento marcada: 21 próximo. Falta muito pouco. E ela tem dúvidas, medos, receios. Não seria simples desistir, fugir, simular um chilique. Afinal, o casamento vai legalizar a situação do noivo excêntrico no Brasil. Será o mesmo que atestar que o ama para sempre e que, de um modo ou de outro, ela estará ligada a ele a perder de vista. Se sentia antecipadamente culpada, responsável por proporcionar a ele uma nova vida: possibilidade de ter uma carreira, de ganhar dinheiro, de prosperar. Largar hábitos ruins é fácil; organizar uma festa simples mas com detalhes de muito bom gosto é fácil. E aguentar um desconhecido para o resto da vida? Respira, acessa o iphone e tuíta, fingidamente entusiasmada: “Amanhã a festa mais animada do ano, meu casamento com o Philip. Espero todo mundo lá. Até a Luiza que voltou do Canadá. hahaha”.

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