16 janeiro 2012


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Iolanda

Meu filho, eu estava saindo do Comper e o rapaz gentilmente se prontificou a me ajudar. Porque eu comprei muita, muita coisa e tinha muitas sacolas. Eu vejo esse rapaz quase todo dia, ele olha os carros. Ele deve saber onde eu moro, pois fomos andando enganchados até perto do meu prédio. Ele tentou tirar as sacolas pra me ajudar, mas elas se emaranharam nos meus braços. Bastou isso. Seu Pereira, porteiro do meu prédio, veio correndo. E mais uns dois ou três que eu não conheço se amontoaram à nossa volta. E bateram no rapaz. Bateram na cabeça dele, chutaram a barriga, as costas. Ele não disse nada. Nem todo mundo é marginal, meu filho. E foi tudo tão rápido, que eu tentava explicar pra eles e não conseguia. Fiquei assustada. Se o rapaz não morreu, deve estar bem machucado, porque a última vez que o vi – me arrastaram pro outro lado e, aí sim, perdi algumas sacolas – ele estava ensanguentado no chão. Eu mesma subi pelo elevador e chamei a polícia.

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