02 janeiro 2012


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Vinólia

Na avaliação de Joel, Sandro e Inácio, dona Vinólia começou cedo. Em plena segunda-feira, às 11h, ela estava na terceira garrafa e já revirava os olhos e a língua. Na cozinha, frango cru semi temperado, uma cebola cortada ao meio, faca suja, arroz lavado na peneira. Resquícios interminados de um dia que aparentemente se iniciara certo, cotidiano.

Os rapazes aportavam na casa da mãe diariamente para filar o almoço antes do serviço. Mas hoje não haveria o que comer. Dona Vinólia já não respondia pelos quitutes que planejara preparar. Surrupiava a atenção dos três, atônitos, quando tentava pronunciar qualquer coisa ou ensaiava assoviar. Que fossem ao inferno os filhos imbecis. Que a deixassem ali, aposentada deles, desquitada do trabalho e viúva de sua razão. Hoje, Vinólia se escondeu da saudade, com cerveja.

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