14 fevereiro 2012


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Rafaela

Custava a dormir. Pela TV a cabo, assistia a programas bizarros sobre gente bizarra que faz coisas bizarras, como colecionar unhas, arrancar tufos de cabelo, lixar os pés até ferí-los, mascar embalagens de balas ou chicletes. Suas pequenas manias de limpeza, o tique de passar os dedos pelas axilas e cheirá-los constantemente, o fato de gostar de guardar tampas de garrafa pet, de cheirar gás de cozinha e de telefonar para pessoas que já passaram pela sua vida, fingindo ser vendedora de algum produto, eram irrisórios diante do que se apresentava nos programas. Essa conclusão lhe proporcionava alegria e alívio. Por isso era a maior espectadora dessas produções. Por isso não dormia. Por isso era normal.

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