24 fevereiro 2012

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Virgínia

Acordou mudada porque dormiu dizendo para si que ia mudar. Disposta, separou calças largas, tênis e grandes vestidos ou blusões, dentro dos quais escondiam-se bunda, coxas, seios parisienses. Tudo muito exuberante. Experimentou o único - e quase novo - sapato de salto em verniz preto. Andou um andar vegetal. Sorriu de si, sem espelho. Quanto às bijuterias, resolveu que precisava de algumas novas. Jogou fora minibrincos, colares coloridos, prendedores de cabelo, bolsas, meias infantilizadas, discos, fotos e livros, livros, livros. Comeu uma maçã, catou uma carteira charmosa; uma camisa masculina ganhou um cinto rude e virou um vestido curto. Calçou o sapato de verniz. Soltou os cabelos. Foi andando - até que se acostumasse lidaria bem com olhares incrédulos - ao trabalho para pedir demissão. No caminho, uma loja de acessórios e uma cafeteria. Eis a nova Virgínia.

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