27 janeiro 2012

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Yasmim

Chegou do futebol. Tomou banho, comeu miojo com requeijão e ouviu as perguntas do pai sobre o jogo, respondendo "ã-hã" e variações com a cabeça. Diante do espelho, arrumou mais uma vez as trancinhas. Sorriu para si. Computador. Hora marcada com um garoto, o Daniel. Não o conhecia pessoalmente, ainda, mas ele fora uma espécie de indicação da Ana, super amigo do ficante da super amiga. Nunca se interessou por garotos daquele jeito. Sempre jogou bola com eles, brincou de esconde-esconde na rua, brigou. O Daniel era tão lindo. "Filha, vem ver o jornal com o papai". Não, não queria saber de jornal, de prédio que caiu, de ministro que vai cair. Daniel. Daniel. Daniel. Tinha que chamar de alguma coisa aquilo que sentia e que não tinha nome. Daniel. Daniel. Daniel.

2 comentários:

Manoel Rodrigues disse...

Manoel! Manoel! Manoel! às vezes chamo isso, que não sei o que é (e não vem...).

Seus contos são muito bons, Dra. Li.

Setor Literário Sul disse...

Não vem porque já está aí. E se eu chamar, aqui por estas terras, vem? Saudades.
Obrigada pela leitura, querido.
Beijo, beijo