15 fevereiro 2012


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Eugênia

Ele sai antes de mim, deixa o café pronto às 4h. Vai treinar. O time está na série A2 do campeonato pernambucano. Atrasa salários, não fornece alimentação durante os treinos nem dinheiro pro ônibus, nada de massagista, médico, equipe técnica. Mas ele está lá, firme, por paixão e compromisso. Chega por volta de meio dia, dá o almoço dos meninos e leva pra escola. Volta, come e dorme. E eu, o dia todo na rua. Vendo picolé. Às 7h pego o carrinho e vou pra Boa Viagem. Já não agüento minha própria voz, ritmada: “olha o picolé. Tem de uva, coco, morango, graviola, castanha, nata, chocolate e limão”. Quando chego, ele está me esperando, banhado, cheiroso. As crianças limpas, jantando e assistindo à novela das sete, o dever feito, prontas pra dormir. Enquanto eu janto, ele me conta como foi o treino, cheio de esperança de que, este ano, eles sobem para a A1. Sorrio e confirmo, sem acreditar.

Um comentário:

Manoel Rodrigues disse...

Eugênia a 2.