13 novembro 2012

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Surya

Range os dentes perolados. Nem no sono conecta situações, dados. Discurso e prática isolam-se em pontos bem distintos de seu espaço de raciocínio. Chega a usar um caderno adornado de pedrinhas para enxergar melhor os problemas. Sente-se uma coitada incompreendida, às vezes, sim, e esse deve ser o seu maior pecado. Mas é uma sofrida calejada, dura. Obediente e falsa resignada. Tem história oriental, gosta de ouro e espelhos. Veste-se colorida e bonita. Os olhos, no entanto, por mais pintados, ostentam tristeza e inquietude.

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Gabriela

Já com doze anos, sua diversão é articular estratégias de resgate de senhas. De todos os tipos - cartões de crédito, login de facebook, peixe urbano. Não diz a ninguém. Com boas notas, barganha equipamentos cada vez mais sofisticados ou dinheiro. O pai cede. É discreta, as informações guarda para si, não faz alarde com notícias bombásticas ou segredos. Na relação com os amigos, percebeu ter se tornado mais compreensiva. Sente pena. Não comete crimes. Pesquisa.

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