16 novembro 2012

320/365
Jaqueline

Pronto, vi o filme do Gonzaga, depois de tanto relutar. E logo vi porque relutei: uma senhora ao meu lado suspirava de cinco em cinco minutos e comentava alguma coisa. Sou nordestina sim, de Forquilha-CE. E odeio ouvir comentários sobre a "coitadice" dos nordestinos. Não nasci no fim do mundo, tudo depende do referencial. Minha cidade é o começo de tudo; minha família e meus amigos são o centro do universo. Não tem coitados na minha terra. Tem gente que sofreu e sofre, sim, mas é igual em São Paulo, em Brasília, em Frankfurt. Não venham, diante de uma cena qualquer, lamentar em suspiros a pobreza nordestina. Antes, vão à puta que o pariu. Tenho orgulho do que sou, como, estou bem certa, cada um dos "cabeça-chata" que dividem a origem comigo.

319/365
Fernanda

Viu Getúlio, viu Juscelino e vários outros. Também viu dona Clotilde e seu Nazareno, juntos. Viu a nega Tereza limpando a casa. Viu os próprios filhos, os filhos de seus irmãos, os amigos dos filhos, todos brincando juntos. Viu bagunça, algazarra, briga de família. Registrou muita coisa. Fotografou casamentos, posses, inaugurações, situações inusitadas. Foi capa de revista. Até ganhou prêmio famoso assinando nome de fotógrafo. É, teve que ser homem. Dona Fernanda se sente feliz e realizada. Mais ainda quando o raciocínio permite saber que viu mais do que fotografou porque é melhor viver do que trabalhar.

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