28 novembro 2012

332/365
Teca

Foi assustador, mas, enfim, via-se diante de si, tal como era. A culpa foi embora, apesar de ainda se sentir surpreendida com a mulher que a psicanálise lhe apresentou. Mesquinha, impaciente e, sim, bastante racista. Não gostava de discursos politicamente corretos, não tolerava que pessoas nitidamente inferiores lhe dirigissem o que quer que fosse - palavras, conselhos. Saber disso não lhe redimia, principalmente quando fazia o batimento (necessário) entre o que é e o que aprendeu ser bom. Ao menos agora parara de mentir para si.

331/365
Uyara

Quando criança, pedia permissão para a mãe. Na juventude, um padre fez as vezes, quando a mãe faltava. Aos dezoito, a mãe lhe permitiu ir morar com o pai nos EUA. O pai morreu. Casou logo e passou a pedir permissão ao marido, que morreu doze anos depois. Naturalizada, casou-se de novo, afinal precisava de alguém a quem pedir permissão. Adalto, latino como ela, não se sentia confortável em ser tão ostensivamente consultado. Largou dona Uyara. E agora, aos sessenta, ela não consegue ir ao banco pagar contas ou decidir que marca de sabão deve comprar.

Um comentário:

Giovani Iemini disse...

p q duas hoje?

conheço sras como esta segunda.