11 abril 2012

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Brenda

Colado ali, na porta do armário. Via todo o quarto - o espelho era o único ser sincero: mostrava-lhe diariamente a gordura localizada, a celulite e a flacidez tão precoce. Seus 48 quilos pesavam absurdamente. Uma moça de 15 anos. Sentia o cheiro do café com pão de queijo da vó, lembrava a infância. Sempre comera bem e sem frescuras. Saladas, arroz, feijão, leite e, às vezes, até jiló. Mas de uns tempos pra cá, comparava-se às amigas, às artistas da Globo, aos ídolos teen internacionais. Chupava gelo, beliscava alguns grãos e, mais eventualmente, comia uma mini maçã. Não sentia prazer de ir à escola ou sair com as amigas, perdera o gosto por um bom prato de macarrão e por ouvir as histórias do vô. Por sentir dor, trancava-se, doente. Enjoou do namorado, largou o diário que escrevia desde os 12. Aliado fiel? Só o espelho.

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